segunda-feira, 8 de fevereiro de 2010

485 C

A Íris acha fascinante saber nome de esmalte. É o tipo coisa que ela sempre quis aprender, mas é incapaz de memorizar todas as nuances redundantes que os adjetivos usados no batismo dos frasquinhos apresentam.

Já o Testa costuma dizer que eles são inspirados em nome de álbuns do Elymar Santos - INSANA LOUCURA. Mas ele sempre tem um na ponta da língua, quando a Dani liga da manicure e pergunta qual tom deve passar.

Eu costumava não dar nenhuma importância para isso. Eu sequer consigo pintar minhas unhas sem que meus dedos se transformem em uma obra expressionista. A definição mais próxima do tipo de relacionamento que eu partilhava com esmaltes era Bigamia.

Um cintilante furta-cor qualquer por baixo e um renda por cima.

RENDA. Esse era o único que eu conhecia. E seus genéricos, cujo nome eu era incapaz de guardar.

Até que, um belo dia, no auge de meu quarto setênio, tropecei no Gabriela. GABRIELA! Seu entorpecente tom púrpura levou-me a cometer o adultério. Pela primeira vez minhas mãos, branquinhas e sem graça, tornaram-se provocantes.

Provocantes. Isto soou quase como uma brincadeira. Como uma afronta a quem eu pensava que era.

E cada vez mais fui me entregando, me aventurando nessa aquarela de sentimentos. DESEJO, INSPIRAÇÃO, CARÍCIA, OBSESSÃO, DENGO, ILUSÃO.

E vieram os sete "pecados" capitais...

E eu finalmente comecei a entender o porquê desse fascínio. O poder que as cores exercem sobre a natureza feminina. O poder da vaidade. O poder da sedução.

Era como se, nesse momento, tivesse nascido uma nova mulher.

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O que eu nunca entendi é por que eles simplesmente não são chamados de: VERMELHO!

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Atualmente eu venero o ATREVIDA.